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Tecendo a manhã

1

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

2

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.   

(João Cabral de Melo Neto - A Educação pela Pedra)

 

          Esse poema de J. C. de Melo Neto sintetiza a razão e a função desta página. Se os  materiais que aqui estão forem úteis para alguém estudar ou ajudar a preparar aulas, que bom, terei ajudado a tecer a manhã!       FÁli   

 Fátima Áli - Professora de Língua Portuguesa e RedaçãoRevisora de textos  

 Contato: falefali@gmail.com  (Porto Alegre/RS) 

 

 


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