Literatura Brasileira
ESCOLAS LITERÁRIAS - Panorama e exercícios
Quinhentismo - Foi o primeiro movimento literário no Brasil. Em relação aos demais, sua importância é um tanto quanto menos expressiva na literatura, por não apresentar nenhum escritor brasileiro; ou, ainda, nenhum "escritor". Apesar disso, muitos dos maiores vestibulares do país pedem que seus vestibulandos tenham conhecimento desta matéria. Além disso, serve também como conhecimento geral para aqueles que gostam do assunto. O movimento iniciou-se com o "ínicio" do Brasil (sim, eu sei. O Brasil existia antes do descobrimento, mas para a literatura, assim como para muitas outras coisas, sua história começa quando os portugueses chegam ao país). Seu fim foi marcado pela publicação de Prosopopéia, de Gonçalves de Magalhães, que já tinha algumas tendências barrocas.
O Descobrimento das Américas marca, antes de mais nada, a transição entre a Idade Média e a Idade Moderna. A Europa vive o auge do Renascimento, o capitalismo mercantil toma o lugar dos feudos, e o êxodo rural provoca o início da urbanização. Houve também, neste período, uma crise na Igreja: o novo grupo dos protestantes contra o grupo dos fiéis católicos (estes últimos no movimento da Contra-Reforma). Durante a maioria deste período, o Brasil era colonizado por Portugal. Os documentos eram escritos por jesuítas e colonizadores portugueses; o primeiro autor brasileiro apareceria, mais tarde, somente no movimento barroco, Gregório de Matos.
Barroco - O Barroco representa todas as formas de arte cultivadas neste período, como a música, a pintura, a arquitetura, e a literatura. Apesar deste movimento contar com o primeiro autor brasileiro em nossa literatura, sua influência é quase totalmente portuguesa e espanhola, deixando pouco espaço para o Brasil. O movimento iniciou-se em 1601, com a publicação de Prosopopéia, de Bento Teixeira. O final deste movimento dá-se em 1724, com a obra Obras, de Cláudio Manuel da Costa, e com a fundação da Arcádia Ultramarina, que será comentada no Arcadismo.
O início do século XVI foi para Portugal o momento mais áureo de sua história até hoje; assim como os últimos foram os mais negros. Por uma lado o descobrimento do Brasil iria tornar Portugal o país mais rico do mundo. Mas em contraste, logo foi observado a crise do comércio português.
Suas colônias não produziram como era esperado. Além disso, em 1578, desaparece o rei Dom Sebastião em campanha pela África. Dois anos depois Filipe II, rei da Espanha, anexa Portugal a seu país, ato que durou quarenta anos. No Brasil, o período Barroco ficou marcado em especial pelas invasões holandesas e pelo declínio da venda da cana-de-açúcar, este segundo em consequência do primeiro.
Arcadismo - Este período, também conhecido como Neoclassicismo (o Classissismo foi um movimento europeu que ocorreu antes de o Brasil ter sido descoberto. Seu principal autor foi Luís Vaz de Camões), iniciou-se em 1768, com a publicação de Obras, de Cláudio Manuel da Costa. Foi também o ano da fundação da Arcadia Ultramarina. Durou até 1836, quando foi publicado Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães. Este período foi, essencialmente, uma reação à religiosidade barroca. Sua influência é toda francesa, com seus movimentos iluministas que iriam estourar a Revolução Francesa.
Socialmente, este movimento marcou a acensão da burguesia em fatores políticos e sociais, tanto no Brasil como na Europa. Em 1748, Montesquieu escreve e publica O espírito das Leis, obra na qual apresenta o governo em poder legislativo, executivo, e judiciário; como é feito hoje em vários países, como o Brasil. Voltaire e Rousseau colaboraram também neste sentido, defendendo a burguesia e a república. Todos esses autores foram responsáveis pelo início do Iluminismo, um dos ideais árcades. Foi também neste período que iniciou-se a independência dos países americanos, começando pelos Estados Unidos, em 1776. No Brasil, o centro comercial deixa o Nordeste e se instala principalmente em Minas Gerais. Ocorre também a Inconfidência Mineira, principal fato histórico brasileiro da época. Alguns dos autores deste período fizeram até parte deste movimento revolucionário.
Romantismo - O Romantismo foi um movimento com origem inglesa e alemã, sendo contra o Arcadismo. Este estilo inicia-se em 1836, com a publicação de Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães. Foi portanto um movimento que ocorreu logo após a Independência do Brasil, e, por alguns autores, por causa desta independência. Logo após a independência, os brasileiros precisavam buscar sua importância na situação econômica, política, social e cultural (daí a literatura). O ano tradicional do desfecho romântico é o de 1881, com duas publicações: O mulato e Memórias póstumas de Brás Cubas, ambas com tendências naturalistas/realistas.
Neste período ocorreu pelo mundo duas importantes revoluções: a Revolução Francesa, e a Revolução Americana. Essas foram revoltas do povo, da burguesia.
Realismo - Assim como o Romantismo, a principal influência para este movimento no Brasil veio da Alemanha, representada pelo evolucionismo e pelo positivismo. O movimento começou em 1881, ano em que foi publicado O mulato, de Aluísio Azevedo, e Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. O fim deste período literário apresenta certa controvérsia; tradicionalmente finalizamos este movimento com o início do simbolismo, 1893. Apesar disso, pode-se dizer que este não foi realmente o fim do realismo.
Basta lembrar a data de publicação de Dom Casmurro, ainda com perfeitas características realistas: 1900. Ou a fundação da Academia Brasileira de Letras, casa do realismo: 1897. Portanto pode-se dizer que o realismo durou, como o Simbolismo, o Parnasianismo e o Pré-Modernismo, até 1922, ano em que ocorreu a semana da arte moderna. Nesse período a Revolução Industrial, na Europa, entra na fase da utilização do aço, do petróleo e da eletricidade, enquanto o avanço científico realiza novas descobertas e invenções no campo da Física e da Química.
Surge então grandes complexos industriais, nos quais vários empregados trabalham diariamente em condições sub-humanas, correndo sempre risco de vida a graves acidentes. No Brasil, este período é marcado pelas campanhas abolicionistas, a Lei Áurea, a substituição da mão de obra escrava pela mão de obra assalariada, a Guerra do Paraguai, e a monarquia decadente de D. Pedro IIforme um historiador, foi "da burguesia, pela burguesia, e para a burguesia". No Brasil, este movimento surgiu alguns anos após a Independência do Brasil, no governo autoritário de D. Pedro I, no Período Regencial, e no governo de D. Pedro II.
Parnasianismo - O movimento parnasiano surgiu na França em 1866, com a edição da antologia " La Parnase Contemporain". Abrigando poetas de tendências diversas, como Théopgille Gauthier , Laconte de Lísia, Charles Baudelaire, Geradia, Banvilla, havia, em comum a oposição ao sentimentalismo romântico.
A denominação Parnasianismo remete-nos à antiguidade grecoromana(Monte Parnaso= região da Fócida , na Grécia, que a Mitologia contemplava como a morada dos deuses e poetas, ali isolados do mundo para dedicarem-se exclusivamente à arte).
Isso sugere a aproximação às fibtes e ais udeaus ck;assucis da arte.( o Belo , o Bem, a Verdade , a Perfeição , o equilíbrio a disciplina e o rigor formal, a obediência às regras e modelos , a arte como imitação da natureza - a Mimese arestotélica, a razão, o antropocentrismo) São frequentes as alegorias fundadas na Mitologia e na História da Grécia e de Roma. "O Sonho de Marco Antônio" , "A Seste de Beri", "O treiunfo de Afrondite" "O Incêndio de Roma" "A tentação de Xenôcrates" "O Julgamento de Frinéia" . "Delencia Cartago" todos de Olavo Bilac, "O vaso Grego"e "A volta da Galera" de Alberti de Oliveira.
Antecedentes Brasileiros - Em 1878 desfere-se pelas páginas do 'Diário do Rio de Janeiro a "Batalha do Parnaso"polêmica em versos agressivos ( e de má qualidade)
, entre os defensores de "Idéia Nova" e os epígonos do Romantismo.
Influenciados pela Questão Coimbrã, e pelas obras dos poetas realistas portugueses: Teófilo Braga - "Visão dos Tempos" e "Antero de Quental" - "Odes Modernas", os arautos da "Idéia Nova" combariam os "Abreus e Varelas" Opondo-se ao sentimentalismo piegas e à frouxidão dos versos dos últimos românticos, e propunham algumas atitudes:
1) a poesia participante, que pregasse a justiça, a república fraternal, o progresso científico e material atacando, algumas vezes de forma desabrida , as instituições, é o caso de Lúcio de Mendonça, Martins Júnior e Silvio Romero.
2 ) a poesia "realista" . com abandono dos eufernismos relativos ao amor, por uma descrição mais direta do corpo e dos desejos e , ainda, a poesia realista urbana e agreste: seguem nessa direção: Carvalho Júnior, Bernardino Lopes e Teófilo Dias.
Cabe observar que os sonhos de justiça e a república fraternal já havia encontrado em Castro Alves, no último romantismo, uma expressão muito mais talentosa, convincente e eloquente.
2.3 Costuma-se considerar como o primeiro livro parnasiano, no sentido próprio, as " Fanfarras", de Teófilo Dias. O Parnasianismo , tal como hoje o concebermos, só se definiria com Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, que constituiram a Trindade Parnasiana, e realizaram suas obras sob os princípios d a "arte pela arte" da impassibilidade e da perfeição formal, ainda que tivessem , todos eles, estreiado com versos românticos.
Características
A arte pela Arte.
O Esteticismo
Sintetizada na forma latina "ars gratia artis"(arte pela arte) , a poesia parnasiana propõe que a abeleza formal justifica a existência do poema , e que a arte não deve Ter outros compromissos senão para com o belo, para com a perfeição formal.
Negando a poesia realista filosófica-científica e socialista de seus precursores, os parnasianos impõem uma atitude de distanciamento do cotidiano de alienação dos problemas do mundo, de desprezo pela plebe e pelas aspirações populares e de recusa aos temas vulgares.
Assim os parnasianos se fecham em suas torres de marfim, entregues ao puro fazer poético:
"Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Doo claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima , e lima , e sofre, e sua!"
("A um Poeta - Bilac)
Simbolismo - O Simbolismo teve início no ano de 1893, e manteve suas influências sobre autores até a Semana da Arte Moderna. Este movimento, apesar de não ser uma manifestação realista, como o Parnasianismo, manteve-se paralela a este o tempo todo. Em 1893, foram publicados Missal e Broquéis, ambos de Cruz e Sousa. Este período foi marcado pela I Guerra Mundial (1914-1918)e pela Revolução Russa. Houve também a unificação da Alemanha(1870) e da Itália (1871)momentos antes do início do movimento.
A Europa inteira passa por um processo de industrialização, aumentando a disputa por mercado. Este é o início do neocolonialismo. Este pensamento materialista de produção, com pouca preocupação com o bem-estar dos trabalhadores urbanos, gera críticas dos simbolistas. O Brasil não apresentou nenhum grande acontecimento durante esta época, apesar de haver várias revoltas no sul do país, onde o movimento foi mais acentuado. Duas delas se destacam:
A Revolução Federalista (1893-1895)e a Revolta da Armada (1893-1894). A primeira foi uma revolta de oposição ao governo de Floriano Peixoto, que gerou muitas mortes no sul do país. A outra foi quando a marinha brasileira ancorou seus navios no litoral carioca, e apontou seus canhões para o palácio do governo, exigindo sua renúncia. Estes acontecimentos levam à desilusão, a descrença na vontade de viver, que são visões simbolistas. Isto fez com que as idéias filosóficas se desviassem do materialismo para o simbolismo. Pré Modernismo - O termo Pré-Modernismo foi criado por Alceu de Amoroso Lima (Tristão de Ataíde) para designar o período cultural brasileiro que vai do princípio deste século à Semana de Arte Moderna , ou como quer a cronologia literária, de 1902 , ano da publicação de Canaã, de Graça Aranha e de Os Sertões, de Euclides da Cunha, até 1922, ano da realização da Semana de Arte Moderna.
Corresponde à "belle époque" brasileira, marcada pela concomitância de diversas correntes, às vezes opostas: o parnasianismo residual ( Raimundo Correia, Bilac, Alberto de Oliveira e Vicente de Carvalho ainda estavam vivos e escreviam) ; o neo -parnasianismo de Amadeu Amaral e Martins Fontes e a prosa tradicionalista de Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e Coelho Neto ; o Simbolismo , que não logrou penetração nas elites cultas da época e nem nas camadas populares; o realismo-naturalismo, transfundido na prosa regionalista de Afonso Arinos, Simões Lopes Neto, Valdomiro Silveira e Hugo de Carvalho Ramos; e a literatura problematizadora da realidade brasileira que é mais característicamente Pré-Modernista - Euclides da Cunha , Lima Barreto, Coelho Neto e Graça Aranha.
Assim esquematizando, no período que vamos estudar, convivem tendências conservadoras e renovadoras.
O aspecto conservador está diretamente ligado à sobrevivência da mentalidade positivista, agnóstica e liberal que se expressava no estilo realista-naturalista não penetrou , senão superficialmente , no espírito das classes cultas. Otto Maria Carpeaux deixa claro que " Aqui e só aqui fracassou o Simbolismo; e por isso , o movimento poético precedente sobreviveu, quando já estava extinto em toda parte do mundo".
O aspecto renovador está na incorporação, do ponto de vista do conteúdo, de aspectos da realidade brasileira, refletindo situações históricas novas, ou só a partir de então consideradas:
· a miséria e o subdesenvolvimento nordestino, em Euclídes da Cunha;
· a vida urbana e as transformações do inicio do século ( as greves, o futebol, o arranha -céu, o jogo do bicho, os pingentes da Estrada de Ferro Central do Brasil, o subúrbio carioca), em Lima Barreto;
· a miséria do caboclo do Vale do Paraíba, a decadência da ci;tira cafeeira, o anacronismo das práticas agrícolas, em Monteiro Lobato, e
· a imigração alemã no Espírito Santo, em Graça Aranha.
Assim, pode-se dizer que o aspécto conservador (o PRÉ) localiza-se mais no código , na linguagem que , com algumas poucas ousadias, continuou fiel aos modelos realistas e naturalistas ( Aluísio Azevedo, Eça de Queiroz, Machado de Assis, Flaubert, Emile Zola, Balsac); ressuscitando até o barroco do Padre Antônio Vieira, perceptível em Rui Barbosa. e Euclides da Cunha.
O aspécto renovador (o MODERNISMO) está centrado na preocupação com a realidade nacional; no regionalismo crítico e vigoroso e na crítica às instituições arcaicas da República Velha. Algumas dessas características serão retomadas , especialmente na 2ª Geração modernista.
Esta época , no que tange à literatura oficial, acadêmica, reflete o gosto da classe dominante, expressando-se de firna oedabte e artificial, pouco inovadora. Este aspecto de "estagnação" é batizado como a época dos "NEOS" : neoparsianismo, neo -simbolismo, e até neoclássicos e neo-românticos reabilitaram-se no gosto literário de então.
O CONTEXTO HISTÓRICO
Vale observar que diversidade regional fez com que a manifestações políticas e sociais da época expressassem níveis de consciência muito distintos , não raro parecento exprimir tensões meramente locais. Alguns acontecimentos que configuram este quadro:
A.NO NORDESTE
· a Revolução de Canudos ( BA - 1896 - 1897), retratada por Euclídes da Cunha;
· o fenômeno do cangaço, decorrente do declínio da economia dos engenhos;
· o fanatismo religioso desencadeado pelo " Padim Ciço", que tem por apicentro o Ceará, entre 1911 a 1915.
A.NO RIO DE JANEIRO
· A revolta contra a vacina obrigatória ( Oswaldo Cruz), 1904, expressiva da insatisfação das massas urbanas;
· A revolta da Chibata (1910) liderada por João Cândido, " O Almirante Negro". Os marinheiros amotinados exigiam a extinção dos castigos corporais na Marinha.
A.EM SANTA CATARINA
· A Guerra do Contestado (1912 -1916) envolvendo posseiros da região contestada entre Santa Catarina e Paraná, às margens do rio do Peixe.
Cabe ainda acrescentar a Campanha Civilista, a queda da Amazônia durante o ciclo da borracha, seguida de fulminante queda.
Modernismo - Este período é conhecido pelo caráter revolucinário, criticando cruelmente parnasianos, e simbolistas. A literatura procura se expressar de forma livre, espontânea, fugindo de todas a normas possíveis, ao contrário do parnasianismo. Sua origem é, como sempre, européia. A busca pelo moderno e inovador é a principal marca deste período.
O período inicia-se com a Semana da Arte Moderna, em fevereiro de 1922, e vai até 1945, fim da ditadura de Getúlio Vargas e da II Guerra Mundial. Este movimento é dividido em dois períodos: 1922-1930, e 1930-1945.
Pós Modernismo - O Pós-Modernismo é o movimento em que nos encontramos hoje. Na verdade, tudo que foi produzido após o Modernismo é considerado trabalho pós-modernista. Talvez no futuro este período seja redividido em vários períodos. Até que seja, o Pós-Modernismo apresenta duas fases. A primeira fase corresponde a uma fase mais "séria e equilibrada", como diz José de Nicola, doque as tendências modernistas, especialmente na poesia. A prosa vive um momento semelhante à prosa modernista.
Na segunda fase surgem duas tendências na poesia: a poesia concreta e a poesia-máxis; veremos estas tendências mais tarde. Com o final da II Guerra Mundial e o bombardeamento norte-americana ao Japão, começa a era da Guerra Fria. Constroi-se o Muro de Berlin, a OTAN, a COMECON, etc... A queda do muro marcou o final da Guerra Fria.
EXERCÍCIOS
QUESTÕES DE LITERATURA BRASILEIRA E PORTUGUESA – IDADE MÉDIA E LITERATURA COLONIAL
PARTE I
1 (FUVEST) Entende-se por literatura informativa no Brasil:
a) o conjunto de relatos de viajantes e missionários europeus sobre a natureza e o homem brasileiros;
b) a história dos jesuítas que aqui estiveram no século XVI;
c) as obras escritas com a finalidade de catequese do indígena;
d) os poemas do Padre José de Anchieta;
e) os sonetos de Gregório de Matos.
2 (UFPI) Quando se fala em “literatura colonial”, o período abarcado por essa expressão corresponde:
a) ao século XVI, quando se escreveram os primeiros relatos sobre a terra a ser colonizada;
b) ao século XVII, quando se intensificou a produção de uma literatura voltada para a catequese dos índios e colonos;
c) ao século XVIII, quando se tornou presente em muitas obras um sentimento de revolta contra a condição colonial;
d) sobretudo aos três primeiros séculos de nossa História, já que no início do século XIX o Brasil se tornou independente;
e) sobretudo aos dois primeiros séculos de nossa História, já que no século XVIII a literatura brasileira estava livre de influências externas.
3 (ESAM-RN) As manifestações literárias nos três primeiros séculos da nossa História sugerem uma lenta passagem:
a) da pura intenção informativa para a expressão nativista;
b) da pura expressão nativista para uma literatura de informação;
c) da pura expressão nativista para a propagação dos ideais nacionalistas;
d) da propagação dos ideais nacionalistas para uma completa emancipação cultural.
e) da pura intenção informativa para uma completa emancipação cultural.
4 Leia a seguir um soneto de teor filosófico do poeta Gregório de Matos. Após leitura, responda as questões propostas:
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
a) De que se queixa o eu-lírico no soneto?
b) Que atitude tipicamente barroco se verifica nessa queixa?
c) Como você sabe, a antítese e as inversões são procedimentos freqüentes na linguagem barroca. Destaque no texto dois exemplos de cada uma dessas figuras.
d) A última estrofe do poema lembra o soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, de Camões, sobretudo por sua visão acerca da transitoriedade das coisas do mundo e da marcha do tempo. De acordo com a última estrofe do soneto de Gregório de Matos, em que reside a firmeza das coisas?
5 (Unesp) Nestes versos de Silva Alvarenga, poeta árcade e ilustrado, faz-se alusão ao episódio de uma obra em que a heroína morre. Assinale a alternativa correta em que se mencionaram o nome da heroína (1), o título da obra (2) e o nome do autor (3)
“Que você girar a serpe da irmã no casto seio,
Pasma, e de ira o temor ao mesmo tempo cheio
Resolve, espera, teme, vacila, gela e cora,
Consulta o seu amor e o seu dever ignora.
Vos a frapada seta da mão, que não se engana;
Mais ai, que já não vives, ó mísera indiana!”
serpe: serpente, cobra
a) (1)Moema, (2) Caramuru, (3) Santa Rita Durão
b) (1) Marabá, (2) Marabá, (3) Gonçalves Dias
c) (1) Lindóia, (2) O Uraguai, (3) Basílio da Gama
d) (1)Iracema, (2) Iracema, (3) José de Alencar
e) (1)Marília, (2) Marília de Dirceu, (3) Tomás Antônio Gonzaga
6 (Fatec-SP) Sobre o Arcadismo brasileiro só não se pode afirmar que:
a) tem suas fontes nos antigos grandes autores gregos e latinos, dos quais imita os motivos e formas;
b) teve em Cláudio Manuel da Costa o representante que, de forma original, recusou a motivação bucólica e os modelos camonianos da lírica amorosa;
c) nos legou os poemas da feição épica Caramuru e O Uraguai, no qual se reconhece qualidade literária destacada em relação ao primeiro;
d) norteou, em termos dos valores estéticos básicos, a produção dos versos de Marília de Dirceu, obra que celebrizou Tomás Antônio Gonzaga e que destaca a originalidade de estilo e de tratamento local dos temas pelo autor.
e) apresentou uma corrente de conotação ideológica, envolvida com as questões sociais do seu tempo, com a crítica aos abusos do poder da Coroa Portuguesa.
PARTE II
INSTRUÇÃO: Para responder às questões 01 e 02, leia com atenção o poema abaixo, de Gregório de Matos.
A Jesus Cristo Nosso Senhor
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
da vossa alta clemência de despido;
Porque, quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vós irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história,
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, pastor divono,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
despido: despeço
delinqüido: pecado
cobrar, cobrada: recuperar, recuperada
01 - Considere as seguintes afirmações sobre o poema:
I - é um soneto que representa perfeitamente a temática lírico-religiosa, na qual o poeta coloca-se como um pecador.
II - o poeta, humildemente, afirma não ser merecedor da misericórdia e do perdão divinos, pois seu pecado é muito grave.
III - o poeta apresenta-se como uma ovelha desgarrada que, se for recuperada, contribuirá para elevar a glória divina.
Qual a alternativa correta?
( A ) Apenas I
( B ) Apenas II
( C ) Apenas III
( D ) Apenas I e II
( E ) Apenas II e III
02 - A respeito do mesmo poema, é incorreto afirmar que
( A ) o soneto tem uma das características típicas da literatura barroca: o homem atormentado pela idéia de cair em desgraça com Jesus.
( B ) o poeta acredita que a bondade e a clemência de Jesus são muito maiores do que o seu pecado.
( C ) o poeta aparece como um advogado de si mesmo, defendendo o seu direito de ser perdoado por Jesus.
( D ) o soneto menciona explicitamente a Bíblia, o livro sagrado dos cristãos.
( E ) a metáfora da ovelha indica que o texto está ligado ao princípio de louvação da natureza, típico do Romantismo.
INSTRUÇÃO: Leia o seguinte texto, fragmento do poema Marília de Dirceu, para responder às questões 03e 04
Vem, ó Marília, vem lograr comigo
Destes alegres campos a beleza,
Destas copadas árvores o abrigo...
Deixa louvar da corte a vã grandeza:
Quanto me agrada mais estar contigo,
Notando as perfeições da Natureza!
03 - Considere as seguintes afirmações sobre o texto.
I - O poeta convida a amada, Marília, para aproveitarem juntos as maravilhas da cidade (a corte).
II - Trata-se de um célebre poema de Tomás Antônio Gonzaga, no qual faz um elogio à vida simples e natural dos camponeses.
III - A natureza é idealizada como perfeita, em oposição à esterilidade e à inutilidade da cidade.
Quais estão corretas?
( A ) Apenas I.
(B ) Apenas II.
( C ) Apenas III.
( D ) Apenas II e III.
( E ) I, II e III.
04 - Ainda segundo o texto, é correto afirmar-se que
( A ) a preocupação com a simplicidade, no estilo de vida e no estilo de texto, é típica da escola arcadista.
( B ) a admiração pelo progresso da cidade, presente nesse texto, é decorrente do parnasianismo.
( C ) o indivíduo em dúvida entre uma coisa e outra, o campo e a cidade, é típico do barroco.
( D ) a preocupação com o regional e o interior do Brasil, como aparece no texto, é marca do modernismo.
( E ) a fuga do mundo real para um idealizado, como propõe o texto, é marca do romantismo.
05 - Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas da frase abaixo.
Depois da independência do Brasil, boa parte dos escritores brasileiros foi tomada por ideais nacionalistas que ganharam representação simbólica na figura do ................. , ao qual a escola ...................... dedicou romances e poemas.
( A ) índio - naturalista
( B ) senhor do engenho - romântica
( C ) bandeirante - naturalista
(´D) índio - romântica
( E ) senhor do engenho - naturalista
06 - Numere a segunda, coluna relacionando-a com a primeira, tendo em vista os principais nomes da poesia romântica (observe que pode haver mais de uma alternativa para cada nome).
( 1 ) Castro Alves
( 2 ) Gonçalves Dias
( 3 ) Álvares de Azevedo
( ) Poeta que morreu ainda muito jovem, principal nome do ultra-romantismo.
( ) O autor do célebre poema nacionalista “Canção do exílio”.
( ) O “condoreiro”, o poeta que tratou das questões sociais e dos escravos.
( ) Poeta que fez versos líricos e épicos, ligados ao índio e à natureza.
( ) Poeta baiano, autor de “O navio negreiro”.
A seqüência correta, de cima para baixo, é
( A ) 3 - 1 - 2 - 1 - 2
( B ) 2 - 1 - 2 - 1 - 3
( C ) 3 - 2 - 1 - 2 - 1 ...
( D ) 1 - 2 - 3 - 1 - 2
( E ) 2 - 3 - 1 - 1 - 2
07 - Sobre José de Alencar é correto afirmar-se que
( A ) Sua obra tinha por objetivo abordar as origens da História do Brasil, por isso só tratou de temáticas ligadas ao indianismo.
( B ) O índio representado nas suas obras era baseado em dados reais, não havendo, portanto, imagens idealizadas ou distantes da realidade.
( C ) Pretendia, em seus romances, retratar o Brasil em toda as suas regiões, além das matas e das grandes cidades. ...
( D ) Sua obra Iracema, um romance urbano, inaugurou a ficção brasileira.
( E ) É o autor de importantes romances da literatura brasileira, como Iracema e A Moreninha.
08 - Considere as seguintes afirmações acerca das obras em prosa do Romantismo.
I - O sentimentalismo, a idealização do herói e da mulher e a linguagem metafórica e rebuscada são características dessas obras.
II - Essas obras tiveram como cenários, com os respectivos tipos sociais, as florestas brasileiras, as cidades e o campo.
III - Esses romances abordaram profundamente alguns dos problemas sociais vividos naquela época.
Quais estão corretas?
( A ) Somente I
( B ) Somente II
( C ) Somente III
( D ) Somente I e II
( E ) Somente II e III
09 - Relacione os romances a seus respectivos autores (observe que a cada autor pode-se relacionar mais de uma obra).
( 1 ) Bernardo Guimarães
( 2 ) José de Alencar
( 3 ) Joaquim Manuel de Macedo
( ) A Moreninha
( ) O Gaúcho
( ) Senhora
( ) A escrava Isaura
( ) O Guarani
Qual é a seqüência correta?
( A ) 2 - 2 - 1 - 2 - 3
( B ) 3 - 3 - 1 - 2 - 2
( C ) 3 - 2 - 2 - 1 - 2 ....
( D ) 1 - 2 - 2 - 3 - 1
( E ) 1 - 3 - 3 - 2 - 2
INSTRUÇÃO - Para responder às questões 10 e 11, leia atentamente o texto abaixo, extraído de Memórias Póstumas de Brás Cubas.
...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que caso excedia as rais de um capricho juvenil.
- Desta vez, disse-me ele, vais para a Europa; vais cursar uma Universidade, provavelmente Coimbra; quero-te para homem sério e não para arruador e gatuno. E como eu fizesse um gesto de espanto: - Gatuno, sim senhor; não é outra coisa um filho que faz isto...
Sacou da algibeira os meus títulos de dívida, já resgatados por ele, e sacudiu-mos na cara. - Vês, peralta? É assim que um moço deve zelar o nome dos seus? Pensas que eu e meus avós ganhamos o dinheiro em casas de jogo ou a vadiar pelas ruas? Pelintra! Desta vez, ou tomas juízo ou ficas sem cousa nenhuma.
Estava furioso, mas de um furor temperado e curto. Eu ouvi-o calado, e nada me opus à ordem da viagem, como de outras vezes fizera; ruminava a idéia de levar Marcela comigo. Fui ter com ela; expus-lhe a crise e fiz-lhe a proposta. Marcela ouviu-me com os olhos no ar, sem responder logo; como insistisse, disse-me que ficava, que não podia ir à Europa.
algibeira: bolso
10 - Nesse trecho do romance, percebemos o narrador
( A ) sofrendo as conseqüências de ações praticadas no passado, por seus antepassados, na fortuna da família.
( B ) recusando-se a pagar uma dívida contraída ao longo dos quinze meses de duração de sua relação com Marcela.
( C ) sendo repreendido por seu pai por não haver zelado adequadamente pela honra e pelo dinheiro da família.
( D ) ouvindo as críticas do pai e concordando com elas, enquanto promete para si mesmo não voltar a cometer tais erros.
( E ) dispondo-se a cursar uma universidade, desde que o pai lhe desse condições de manter os caprichos juvenis: as casas de jogo e Marcela.
11 - Considere as afirmações abaixo.
I - O texto mostra características românticas, como a idealização da personagem Marcela e o elogio ao amor de ambos, que supera todas as barreiras.
II - O narrador apresenta o relacionamento com Marcela de forma crítica e bem-humorada, ressaltando o tempo que durou e o dinheiro que custou.
III - As palavras do pai do narrador demonstram preocupação pelas atitudes do filho e disposição para modificá-las.
Quais estão corretas?
( A ) Apenas I.
( B ) Apenas II.
( C ) Apenas I e II.
( D ) Apenas II e III. ...
( E ) I, II e III.
12. Sobre a finalidade e a natureza da literatura e da obra literária, assinale a alternativa correta.
A) A principal finalidade da literatura é informar sobre a realidade, demonstrando a veracidade
dos fatos.
B) As informações veiculadas pela obra literária sãotão confiáveis quanto as informações jornalísticas, sendo as duas espécies, portanto, da mesma natureza.
C) Na obra literária, seres, coisas e fatos passam a existir apenas quando colocados no texto, pois o
escritor inventa e cria um mundo, embora baseado no real.
D) O valor da obra literária pode ser aferido pela imitação que faz do mundo: quanto mais próxima
estiver do modelo imitado, maior o valor da obra.
E) Na literatura, a língua é apenas o veículo de expressão das idéias.
13 A parttir das duas figuras proeminentes do barroco brasileiro, identifique a que autor se refere cada uma das afirmações a seguir.
1) Gregório de Matos
2) Pe. Antônio Vieira
( ) Satirizando a sociedade da época, este advogado/poeta baiano do século XVII, abordou também em sua poesia temas sacros e líricos.
( ) Orador sacro famoso, na Bahia do século XVII, foi também conselheiro do rei de Portugal. Em
seus sermões, defendeu os índios e criticou os costumes dos colonos.
( ) Com retórica bem trabalhada, usava uma linguagem rebuscada, com silogismos e figuras de linguagem, tendo sido predominantemente conceptista, abordando questões morais e políticas.
( ) Foi denominado Boca do Inferno devido a seu humor cáustico e contundente, expresso nos poemas satíricos.
A seqüência correta é:
A) 1, 2, 2, 1
B) 2, 2, 1, 1
C) 1, 1, 2, 2
D) 2, 1, 1, 2
E) 1, 2, 1, 2
14. Assinale a alternativa correta acerca do Arcadismo brasileiro e de seus autores.
A) Foi um movimento literário posterior ao Romantismo, que teve repercussão em todo o Brasil, especialmente em Minas e São Paulo.
B) A obra lírica mais divulgada foi Marília de Dirceu, longo poema de Tomás Antônio Gonzaga. Nele,
o poeta se transforma em Dirceu, pastor que se enamora da pastora Marília, tendo como cenário um ambiente bucólico.
C) Cláudio Manuel da Costa, também árcade, escreveu As Cartas Chilenas, uma crítica àcolonização portuguesa.
D) Silva Alvarenga é o autor do Uraguai, único poema épico do Arcadismo.
E) Entre as características árcades estão: a volta aos padrões greco-latinos, a visão idílica da natureza, o uso exacerbado da linguagem figurada, das contradições e dos contrastes.